Arkangel

Segundo os algoritmos da Netflix, as mães que costumam ser superprotetoras tendem a criar futuros psicopatas.

O Futuro já Chegou!

Hoje, acessar câmeras de segurança remotamente pelo smartphone, localizar os aparelhos de terceiros por GPS e controlar qual conteúdo é exibido para crianças na televisão e no computador é normal.

Praticamente, todas as tecnologias de vigilância e segurança já cabem nas palmas da mãos.

Arkangel foi uma empresa que ofereceu tudo isso e um pouco mais.

Dona de uma tecnologia experimental extremamente rigorosa e eficaz. Um produto/serviço interessante para aqueles pais superprotetores que gostariam de acompanhar a vida de seus filhos o tempo todo, literalmente.

Sede da Arkangel.

O Tablet e o Aplicativo

Primeiramente, um chip neural era implementado com uma injeção na cabeça da criança.

Implementação do chip neural.

Em seguida, a Arkangel sincronizava os dados neurais com um tablet da empresa que só teria o seu aplicativo de monitoramento instalado.

Sincronizando o tablet.

O tablet era entregue aos pais imedietamente após a instalação para eles terem o acesso remoto sobre a criança o tempo todo.

Funcionalidades

Ao acessar o aplicativo, o usuário entra em um menu com 6 principais funções: sinais vitais, GPS, câmera em primeira pessoa por streaming, configurações, perfil e história.

Menu principal do aplicativo da Arkangel.

A primeira utilidade era possibilidade em assistir a um video por streaming em tempo real do que seus filhos estariam vendo no momento. A câmera era em primeira pessoa, como se fosse um tipo de realidade virtual aumentado dos olhos da criança.

Realidade aumentada.
Tela infinita acontecia quando alguém com chip implantado olhava para o tablet de segurança.

Os pais podiam controlar o que era visto pelas crianças por meio de filtros. Estes que censuravam as cenas de violência, tragédias, gestos obscenos e até xingamentos.

Xingamentos, gestos obscenos e sangue escorrendo eram censurados pelos filtros.

Havia possibilidade em analisar os sinais vitais com o objetivo de prevenir e tratar doenças, assim como medir os batimentos cardíacos e níveis de adrenalina quando uma pessoa fica agitada ou em alguma situação de desconforto.

Nessas situações, um alarme programado que avisava a pessoa estaria correndo algum perigo no momento.

Indicativos sobre os sinais vitais.
Alarme de perigo detectado.

Todos os momentos eram transmitido por streaming era gravado e guardado na nuvem. Esses momentos poderiam ser salvos, reproduzidos, deletados e compartilhados por quem controlasse o aplicativo. Zero privacidade!

Mentir para os pais já não era mais possível, pois os pais assistiram e acompanhariam se os filhos erraram e não souberam admitir. Os pais jamais conseguiriam confiar em seus filhos pois haveriam provas contra eles, mesmo sem o seu consentimento.

Menu das memórias.

Outra função bastante interessante era o rastreamento da localização de seus filhos. Brincar de pique-esconde ou fugir de casa, nunca mais!

Sistema de GPS.

Experimento Banido da Sociedade

Após alguns anos de testes, a tecnologia de implementação de chip neurais da Arkangel foi banida em alguns países, porém, muitas famílias não desinstalaram-a de seus filhos temendo sempre o pior deles.

Algumas pessoas cresceram sem nunca sentir medo na vida e sem saber o que eram imagens pesadas, odores ruins e alguns vocabulários por conta dos filtros continuarem ativados. Todas se sentiram fora da realidade, sem pudor e muitas vezes com tendências violentas e suicidas.

A menina Sara Sambrell (Sarah Abbott) com 9 anos se automutilando com lápis quando fazia o dever de casa.

Na presença de tragédias, essas pessoas não ajudaram os feridos e necessitados, tornaram-se pessoas sem empatia alguma. Por exemplo, uma neta presenciou o avô infartando e não chamou a emergência, pois não sabia o que realmente estava acontecendo e como lidar com essa situação.

Reprodução de um infarto censurado.

Sem o conhecimento das consequências de atos violentos, essas pessoas começaram a ter relações sexuais muito novos durante a adolescência, não souberam amadurecer direito, se descontrolavam e chegaram a cometer crimes.

Situação embaraçosa para uma mãe assistir sua filha ter sua primeira relação sexual com o namorado.

Alguns pais controladores poderiam controlar e vigiar seus filhos pelo resto de suas vidas, simplesmente ao portar o tablet e acessar o aplicativo quando quiser.

A vida dos filhos se tornou um reality show particular para Marie Sambrell (Rosemarie DeWitt), mãe de Sara.

“Às vezes, as menores coisas podem significar a diferença entre a vida e a morte.”

Isso é Muito Black Mirror!

O nome Arkangel é o nome de um dos episódios de minissérie briânica Black Mirror. Uma antologia que apresenta alguma problematização do cotidiano envolvendo tecnologias em um futuro próximo.

A minissérie foi criada e idealizada por Charlie Brooker para o Channel 4 e atualmente, é produzida pela Netflix. O episódio foi dirigido pela Jodie Foster.

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O nome do episódio e da empresa traduzido significa anjo da guarda, aquele ser onipresente que vigia e toma conta da pessoa o tempo todo. É o Big Brother.

A trama é sobre o controle obsessivo que alguns pais tem em relação aos seus filhos. Um medo constante que os faz instalar câmeras de segurança nos seus quartos, controle de conteúdo na internet e rastreamento quando afastados.

Como todo aparelho móvel, é bom ter uma tomada por perto.

O episódio causa um desconforto, pois um debate sobre a educação dos filhos, se eles são confiáveis, o quanto podem ser mimados e algumas atitudes de controle pode afetar o crescimento delas. Se esse tratamento é realmente necessário e benéfico para pais, filhos e sociedade.

A adolescente Sara Sambrell (Brenna Harding): Será que minha mãe me viu colando na prova da escola?