O Futuro já Chegou!
Hoje, acessar câmeras de segurança remotamente pelo smartphone, localizar os aparelhos de terceiros por GPS e controlar qual conteúdo é exibido para crianças na televisão e no computador é normal.
Praticamente, todas as tecnologias de vigilância e segurança já cabem nas palmas da mãos.
A Arkangel foi uma empresa que ofereceu tudo isso e um pouco mais.
Dona de uma tecnologia experimental extremamente rigorosa e eficaz. Um produto/serviço interessante para aqueles pais superprotetores que gostariam de acompanhar a vida de seus filhos o tempo todo, literalmente.
O Tablet e o Aplicativo
Primeiramente, um chip neural era implementado com uma injeção na cabeça da criança.
Em seguida, a Arkangel sincronizava os dados neurais com um tablet da empresa que só teria o seu aplicativo de monitoramento instalado.
O tablet era entregue aos pais imedietamente após a instalação para eles terem o acesso remoto sobre a criança o tempo todo.
Funcionalidades
Ao acessar o aplicativo, o usuário entra em um menu com 6 principais funções: sinais vitais, GPS, câmera em primeira pessoa por streaming, configurações, perfil e história.
A primeira utilidade era possibilidade em assistir a um video por streaming em tempo real do que seus filhos estariam vendo no momento. A câmera era em primeira pessoa, como se fosse um tipo de realidade virtual aumentado dos olhos da criança.
Os pais podiam controlar o que era visto pelas crianças por meio de filtros. Estes que censuravam as cenas de violência, tragédias, gestos obscenos e até xingamentos.
Havia possibilidade em analisar os sinais vitais com o objetivo de prevenir e tratar doenças, assim como medir os batimentos cardíacos e níveis de adrenalina quando uma pessoa fica agitada ou em alguma situação de desconforto.
Nessas situações, um alarme programado que avisava a pessoa estaria correndo algum perigo no momento.
Todos os momentos eram transmitido por streaming era gravado e guardado na nuvem. Esses momentos poderiam ser salvos, reproduzidos, deletados e compartilhados por quem controlasse o aplicativo. Zero privacidade!
Mentir para os pais já não era mais possível, pois os pais assistiram e acompanhariam se os filhos erraram e não souberam admitir. Os pais jamais conseguiriam confiar em seus filhos pois haveriam provas contra eles, mesmo sem o seu consentimento.
Outra função bastante interessante era o rastreamento da localização de seus filhos. Brincar de pique-esconde ou fugir de casa, nunca mais!
Experimento Banido da Sociedade
Após alguns anos de testes, a tecnologia de implementação de chip neurais da Arkangel foi banida em alguns países, porém, muitas famílias não desinstalaram-a de seus filhos temendo sempre o pior deles.
Algumas pessoas cresceram sem nunca sentir medo na vida e sem saber o que eram imagens pesadas, odores ruins e alguns vocabulários por conta dos filtros continuarem ativados. Todas se sentiram fora da realidade, sem pudor e muitas vezes com tendências violentas e suicidas.
Na presença de tragédias, essas pessoas não ajudaram os feridos e necessitados, tornaram-se pessoas sem empatia alguma. Por exemplo, uma neta presenciou o avô infartando e não chamou a emergência, pois não sabia o que realmente estava acontecendo e como lidar com essa situação.
Sem o conhecimento das consequências de atos violentos, essas pessoas começaram a ter relações sexuais muito novos durante a adolescência, não souberam amadurecer direito, se descontrolavam e chegaram a cometer crimes.
Alguns pais controladores poderiam controlar e vigiar seus filhos pelo resto de suas vidas, simplesmente ao portar o tablet e acessar o aplicativo quando quiser.
“Às vezes, as menores coisas podem significar a diferença entre a vida e a morte.”
Isso é Muito Black Mirror!
O nome Arkangel é o nome de um dos episódios de minissérie briânica Black Mirror. Uma antologia que apresenta alguma problematização do cotidiano envolvendo tecnologias em um futuro próximo.
A minissérie foi criada e idealizada por Charlie Brooker para o Channel 4 e atualmente, é produzida pela Netflix. O episódio foi dirigido pela Jodie Foster.
O nome do episódio e da empresa traduzido significa anjo da guarda, aquele ser onipresente que vigia e toma conta da pessoa o tempo todo. É o Big Brother.
A trama é sobre o controle obsessivo que alguns pais tem em relação aos seus filhos. Um medo constante que os faz instalar câmeras de segurança nos seus quartos, controle de conteúdo na internet e rastreamento quando afastados.
O episódio causa um desconforto, pois um debate sobre a educação dos filhos, se eles são confiáveis, o quanto podem ser mimados e algumas atitudes de controle pode afetar o crescimento delas. Se esse tratamento é realmente necessário e benéfico para pais, filhos e sociedade.